sábado, 18 de julho de 2009

Falecimento do Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente


É com pesar que comunico o falecimento do Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente,discípulo de Sensei Messias Rodarte Correa e campeão de pesos pesados da década de 60, na tarde 15 de julho de 2009 (4ª feira).

O funeral foi realizado no cemitério da Penha,em 16/07 às 11:00.

Uma contribuição do Professor Durval:

ÉTICA ESPORTIVA (FILOSOFIA DO JUDÔ)

A etiqueta no judô o diferencia dos outros esportes e é um requisito prévio a seguir, que é tão importante quanto o combate em si.A saudação é uma expressão de gratidão e respeito quando é feita seriamente com cortesia, antes e depois de entrar na área do tatami, aos instrutores e cada um que pratica o judô, e na competição. Com efeito, se expressa a gratidão ao fundador do judô, mestre Jigoro Kano, as suas instruções, aos seus oponentes, pela oportunidade de aprender e melhorar ambos, técnica e espiritualmente.

A saudação indica também o respeito pelas regras e a filosofia do judô, respeito ao adversário e respeito à si mesmo. Durante a saudação, o individuo se prepara mentalmente para atingir a perfeição na execução das técnicas e a prática do judô.

Na maioria dos clubes e associações de judô, há um quadro do mestre Jigoro Kano no Dojo para competição e prática, Quando se entra ou se sai do tatami, faz-se uma reverencia para reconhecer e agradecer ao fundador do judô. Antigamente o Dojo era considerado um lugar sagrado para quem ia receber a instrução, desde o sensei, e para aperfeiçoar o que se havia aprendido.

No inicio da aula, fraz-se uma saudação ao sensei ou instrutor para pedir os ensinamentos e ajuda a todos para progredir. Ao final da aula, saúda-se o sensei ou instrutor pelos ensinamentos recebidos. O shiai ou competição, é uma oportunidade para o judoca demonstrar suas habilidades e etiqueta do judô em público. As reverencoias tradicionais permitem ao judô destacar-se entre os esportes. Para abrir a competição, os árbitros e competidores se juntam sobre a área de competição, e saúdam o “joseki” ou mesa de honra, para reverenciar os mestres de grau superior, e convidados que ocupam posições elevadas. Em seguida, os árbitros giram para a sua esquerda ficando de frente aos competidores. Os competidores saúdam cortesmente para demonstrar que respeitam os árbitros e as regras de competição.

É responsabilidade igual para todos os judocas, treinadores, competidores e árbitros conhecerem todos os aspectos das tradições de reverencia ao judô. Aos árbitros é confiada a responsabilidade fundamental de assegurar que a etiqueta permaneça para que a tradição continue. Existe todo um cerimonial de como vestir o kimono e amarrar a faixa, subir no tatami, uma hierarquia de como cumprimentar, respeitar e se dirigir aos superiores e a obrigação de ajudar e amparar os inferiores. No Japão, a imagem do sensei de judô era muito mais respeitada pela sua integridade do que pela sua força. Como podem ver, o judô é uma arte de cavalheiros e não de guerreiros.

A competição serve apenas como um meio, e não como uma finalidade em si. A competição deve ser estimulada, mas não cobrada. Muitas pessoas desistem do judô por não conseguir um resultado satisfatório, ou após passar a sua fase de competição. Ser campeão é para poucos, é ilusório e passageiro, e as vezes prejudicial, por a pessoa se julgar melhor que as outras. Muitas vezes se aprende mais com a derrota do que com a vitória. A competição deve ser encarada apenas como uma etapa no cultivo do caminho, que uma vez passada, abrirá caminho para as etapas seguintes. A aprendizagem se estende até o final da vida, atuando como professor, arbitro e ajudando em eventos e praticando os diferentes “katas”, que são formas técnicas que permitem o praticante continuar a treinar o judô mesmo após passar a sua fase de lutador.

Portanto cultive a humildade, pois você não é e nunca será nada, fuja da arrogância, da vaidade e do egoísmo, pois elas denigrem a pessoas por mais forte que ela seja ou por mais conhecimento técnico que possua.Procure no seu professor, um pai, no seu Dojo sua casa, e nos seus colegas uma família. Ajuda a termos um judô forte dentro dos seus valores originais. Antigamente ao convidarmos alguém para treinar, usávamos sempre a expressão “ONEGAI SHIMASSU” (Por favor, é uma honra), e ao terminarmos o treino “ARIGATÔ GOZAIMASHITA” (Muito obrigado).

Se realizássemos uma projeção imperfeita, que dificultasse o adversário de realizar a queda, pedíamos sempre desculpas “GOMEM” (Desculpa, perdão). Vamos pensar seriamente em tudo o que aqui foi escrito, a assim conseguiremos resgatar o JUDO como era antigamente.

O importante não é ser melhor do que os outros, mas sim melhor do que já somos.

Prof. Durval Alfredo Rente

( 7º Dan

2 comentários:

Anônimo disse...

Tivemos um convívio de quase 32 anos e, durante este período, ele foi um grande mestre em todas as áreas da minha vida.
Considero-o um grande sábio e com ele aprendi sobre honra, disciplina, humildade, sinceridade, justiça, responsabilidade, persistência, superação, respeito, lealdade, amizade, família, vida e amor.
Claro que neste percurso tivemos alguns desintendimentos, algumas discórdias. Ele era teimoso, porém justo e sincero. Foram ocasiões nas quais eu aprendi mais ainda. Por outro lado compartilhamos muitos momentos bastante especiais, maravilhosos e inesquecíveis.
Ele cultivou ótimas amizades. Cuidou excelentemente de sua família. Viveu intensamente sua vida, deixando um legado de bons feitos e muitas histórias para se perpetuarem pelas próximas gerações.
Ele combateu um bom combate. Superou muitas dificuldades e persistiu, incansável, sempre olhando para frente. Lutou até o fim. Ele viveu e morreu como um vencedor.
Eu tenho muito orgulho de ser seu filho!
Obrigado por tudo, pai. Nunca deixarei de te amar. Descanse em Deus.

Durval Seiji S. Rente

Anônimo disse...

Saudações a todos , com toda certeza este grande Homem e guia fez parte da historia do Judô.
Tive contato com o mesmo , nos treinamentos da academia , sempre serio , mais ao mesmo tempo bem humorado . O seu lindo texto é uma perola a todos nos para que possamos entender a filosofia do Judo e do seu criador Dr. Jigoro Kano.
Hoje não temos mais estes grandes mestres que nos faz pesar , mas me alegro sim em ter recebido algumas horas ou minutos de aprendizado filosófico , cultural , e espiritual.
O judô não e apenas lutar mas sim uma filosofia de Vida e estes grandes Homens como nosso querido e eterno Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente um caminho a ser traçado.
Sabemos que não é o que fomos que importa mas o que somos , mesmo que não fazemos parte deste ciclo de vida , este estagio .
Mas o que me deixa seguir sempre em frente mesmo com problemas , algumas pessoas que não respeitam o judô ou questões carnais que não influenciam nosso aprendizado de judô são estes homens , como já disse me orgulho de ter humildemente mesmo que seja um olhar ou uma palavra ter analisado e continuar com amor , perseverança e respeito aos mestres o ensinamento das artes marciais. Que seja por nós , que seja por eles! Esteja em paz o grande perola do Judo paulistano.

Dr. Anthony Mohammad
( instrutor de Shuai Jiao ( Judo Chinês)
Shou Bo & Judo Japonês

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