É com pesar que comunico o falecimento do Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente,discípulo de Sensei Messias Rodarte Correa e campeão de pesos pesados da década de 60, na tarde 15 de julho de 2009 (4ª feira).
O funeral foi realizado no cemitério da Penha,em 16/07 às 11:00.
Uma contribuição do Professor Durval:
ÉTICA ESPORTIVA (FILOSOFIA DO JUDÔ)
A etiqueta no judô o diferencia dos outros esportes e é um requisito prévio a seguir, que é tão importante quanto o combate em si.A saudação é uma expressão de gratidão e respeito quando é feita seriamente com cortesia, antes e depois de entrar na área do tatami, aos instrutores e cada um que pratica o judô, e na competição. Com efeito, se expressa a gratidão ao fundador do judô, mestre Jigoro Kano, as suas instruções, aos seus oponentes, pela oportunidade de aprender e melhorar ambos, técnica e espiritualmente.
A saudação indica também o respeito pelas regras e a filosofia do judô, respeito ao adversário e respeito à si mesmo. Durante a saudação, o individuo se prepara mentalmente para atingir a perfeição na execução das técnicas e a prática do judô.
Na maioria dos clubes e associações de judô, há um quadro do mestre Jigoro Kano no Dojo para competição e prática, Quando se entra ou se sai do tatami, faz-se uma reverencia para reconhecer e agradecer ao fundador do judô. Antigamente o Dojo era considerado um lugar sagrado para quem ia receber a instrução, desde o sensei, e para aperfeiçoar o que se havia aprendido.
No inicio da aula, fraz-se uma saudação ao sensei ou instrutor para pedir os ensinamentos e ajuda a todos para progredir. Ao final da aula, saúda-se o sensei ou instrutor pelos ensinamentos recebidos. O shiai ou competição, é uma oportunidade para o judoca demonstrar suas habilidades e etiqueta do judô em público. As reverencoias tradicionais permitem ao judô destacar-se entre os esportes. Para abrir a competição, os árbitros e competidores se juntam sobre a área de competição, e saúdam o “joseki” ou mesa de honra, para reverenciar os mestres de grau superior, e convidados que ocupam posições elevadas. Em seguida, os árbitros giram para a sua esquerda ficando de frente aos competidores. Os competidores saúdam cortesmente para demonstrar que respeitam os árbitros e as regras de competição.
É responsabilidade igual para todos os judocas, treinadores, competidores e árbitros conhecerem todos os aspectos das tradições de reverencia ao judô. Aos árbitros é confiada a responsabilidade fundamental de assegurar que a etiqueta permaneça para que a tradição continue. Existe todo um cerimonial de como vestir o kimono e amarrar a faixa, subir no tatami, uma hierarquia de como cumprimentar, respeitar e se dirigir aos superiores e a obrigação de ajudar e amparar os inferiores. No Japão, a imagem do sensei de judô era muito mais respeitada pela sua integridade do que pela sua força. Como podem ver, o judô é uma arte de cavalheiros e não de guerreiros.
A competição serve apenas como um meio, e não como uma finalidade em si. A competição deve ser estimulada, mas não cobrada. Muitas pessoas desistem do judô por não conseguir um resultado satisfatório, ou após passar a sua fase de competição. Ser campeão é para poucos, é ilusório e passageiro, e as vezes prejudicial, por a pessoa se julgar melhor que as outras. Muitas vezes se aprende mais com a derrota do que com a vitória. A competição deve ser encarada apenas como uma etapa no cultivo do caminho, que uma vez passada, abrirá caminho para as etapas seguintes. A aprendizagem se estende até o final da vida, atuando como professor, arbitro e ajudando em eventos e praticando os diferentes “katas”, que são formas técnicas que permitem o praticante continuar a treinar o judô mesmo após passar a sua fase de lutador.
Portanto cultive a humildade, pois você não é e nunca será nada, fuja da arrogância, da vaidade e do egoísmo, pois elas denigrem a pessoas por mais forte que ela seja ou por mais conhecimento técnico que possua.Procure no seu professor, um pai, no seu Dojo sua casa, e nos seus colegas uma família. Ajuda a termos um judô forte dentro dos seus valores originais. Antigamente ao convidarmos alguém para treinar, usávamos sempre a expressão “ONEGAI SHIMASSU” (Por favor, é uma honra), e ao terminarmos o treino “ARIGATÔ GOZAIMASHITA” (Muito obrigado).
Se realizássemos uma projeção imperfeita, que dificultasse o adversário de realizar a queda, pedíamos sempre desculpas “GOMEM” (Desculpa, perdão). Vamos pensar seriamente em tudo o que aqui foi escrito, a assim conseguiremos resgatar o JUDO como era antigamente.
O importante não é ser melhor do que os outros, mas sim melhor do que já somos.
Prof. Durval Alfredo Rente
( 7º Dan
2 comentários:
Tivemos um convívio de quase 32 anos e, durante este período, ele foi um grande mestre em todas as áreas da minha vida.
Considero-o um grande sábio e com ele aprendi sobre honra, disciplina, humildade, sinceridade, justiça, responsabilidade, persistência, superação, respeito, lealdade, amizade, família, vida e amor.
Claro que neste percurso tivemos alguns desintendimentos, algumas discórdias. Ele era teimoso, porém justo e sincero. Foram ocasiões nas quais eu aprendi mais ainda. Por outro lado compartilhamos muitos momentos bastante especiais, maravilhosos e inesquecíveis.
Ele cultivou ótimas amizades. Cuidou excelentemente de sua família. Viveu intensamente sua vida, deixando um legado de bons feitos e muitas histórias para se perpetuarem pelas próximas gerações.
Ele combateu um bom combate. Superou muitas dificuldades e persistiu, incansável, sempre olhando para frente. Lutou até o fim. Ele viveu e morreu como um vencedor.
Eu tenho muito orgulho de ser seu filho!
Obrigado por tudo, pai. Nunca deixarei de te amar. Descanse em Deus.
Durval Seiji S. Rente
Saudações a todos , com toda certeza este grande Homem e guia fez parte da historia do Judô.
Tive contato com o mesmo , nos treinamentos da academia , sempre serio , mais ao mesmo tempo bem humorado . O seu lindo texto é uma perola a todos nos para que possamos entender a filosofia do Judo e do seu criador Dr. Jigoro Kano.
Hoje não temos mais estes grandes mestres que nos faz pesar , mas me alegro sim em ter recebido algumas horas ou minutos de aprendizado filosófico , cultural , e espiritual.
O judô não e apenas lutar mas sim uma filosofia de Vida e estes grandes Homens como nosso querido e eterno Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente um caminho a ser traçado.
Sabemos que não é o que fomos que importa mas o que somos , mesmo que não fazemos parte deste ciclo de vida , este estagio .
Mas o que me deixa seguir sempre em frente mesmo com problemas , algumas pessoas que não respeitam o judô ou questões carnais que não influenciam nosso aprendizado de judô são estes homens , como já disse me orgulho de ter humildemente mesmo que seja um olhar ou uma palavra ter analisado e continuar com amor , perseverança e respeito aos mestres o ensinamento das artes marciais. Que seja por nós , que seja por eles! Esteja em paz o grande perola do Judo paulistano.
Dr. Anthony Mohammad
( instrutor de Shuai Jiao ( Judo Chinês)
Shou Bo & Judo Japonês
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