quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O shihan Milton Moreira "Começaria tudo de novo.

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Fortaleza - Ceará

Experiência: com 60 anos de vivência na prática do judô, o shihan Milton Moreira é admirado por professores e alunos da Academia Judô Clube Sol Nascente, associação criada há 43 anos

Perfil

Nome
Milton Nunes Moreira

Nascimento
24 de janeiro de 1917

Graduação
Faixa preta 8º Dan e recebeu a faixa coral de shihan (mestre)

Carreira
Sessenta anos como judoca, pois começou aos 33 anos

Outro esporte
Jiu-jítsu

Títulos
Como técnico, pela Academia Judô Clube Sol Nascente, foi hexacampeão sênior (71 a 77) e tricampeão juvenil (72 a 74)

Filosofia

"O judoca luta nos torneios para se aperfeiçoar na modalidade, mas não se aperfeiçoa para lutar"

Milton Moreira
Faixa preta 8º Dan no judô
Detalhe: de 1937 a 1973, Milton Moreira trabalhou de alfaiate. ´Mas desisti da profissão para me dedicar ao judô´, disse o mestre
O criador da Academia Judô Clube Sol Nascente é o atleta mais idoso em atividade, com 93 anos festejados em jan/2010

Lúcido, bem disposto e com memória ainda afiada. Apenas os passos mais lentos traduzem o peso da idade no único judoca do Ceará que é detentor da faixa coral, que identifica o "shihan", ou seja, o mestre dos mestres.

"Se eu pudesse voltar atrás no tempo, faria tudo de novo. Não me arrependo de ter dedicado seis décadas da minha existência ao judô, primeiro como atleta e depois como treinador".

Essa firme declaração é do professor Milton Moreira no início do papo informal com o repórter na sala de recepção da Academia Judô Clube Sol Nascente (Rua Joaquim Torres, 872, bairro Joaquim Távora).

Ele deu início a nossa conversa salientando que ao contrário de muitos praticantes das artes marciais, começou a vivenciar o judô aos 33 anos, idade na qual muitos atletas já atingiram o ápice na carreira conseguindo a faixa preta e faturando títulos.

Jiu-jítsu

"Antes do início no judô eu praticava o jiu-jítsu na academia do professor Nilo Veloso, que funcionava na Avenida Duque de Caxias, exatamente na esquina com a Rua Senador Pompeu", lembrou o shihan. Com pouco tempo o aluno Milton chegou à faixa marrom e mostrou suficiente desenvoltura para ensinar, sendo promovido à função de instrutor, assumindo a academia na ausência do professor Veloso. Tudo isso ocorreu na década de 40. Já no início dos anos 50 o judô começou a ser praticado em nosso Estado e na academia do professor Veloso, que também lecionava Educação Física no Colégio Estadual Liceu do Ceará. Aluno aplicado, Milton Moreira foi então incentivado pelo mestre Nilo a trocar de modalidade. E no ano de 1966 o atleta Milton tornou-se o primeiro judoca no Estado promovido a faixa preta, com aprovação da então Federação Cearense de Pugilismo (FCP), entidade à qual o judô era afiliado, por não ter federação própria.
Nasce o Sol

Um ano após a conquista da faixa preta, em janeiro de 1967, o atleta Milton Moreira inaugurou a sua própria academia, a Judô Clube Sol Nascente, que primeiro funcionou em prédio alugado no centro - Rua São Paulo, entre Senador Pompeu e General Sampaio. "Mas desde 1976 essa academia mudou-se para a Rua Joaquim Torres, 872, onde as aulas são ministradas às segundas, quartas e sextas-feiras, com mensalidades de 45 reais", disse o shihan Milton.

Após a faixa preta 1º Dan, o mentor da Judô Clube Sol Nascente, deu sequência à carreira e vieram as faixas pretas 2º Dan, em 1974; quatro anos depois recebeu a faixa preta 3º Dan; em 1984 veio a preta 4º Dan; em 1989 subiu para 5º Dan; em 1995 alcançou a preta do 6º Dan e aí recebeu a coral, de shihan.

Ídolo

"As crianças, adolescentes e adultos que treinam na Judô Clube Sol Nascente não escondem a admiração pelo meu pai", comentou Francineide Moreira, um dos cinco filhos do mestre Milton. "Shihan, vem para o dojô dar aulas para nós", convidam as crianças que frequentam a academia", disse, orgulhosa, Francineide, a primeira atleta do sexo feminino a alcançar a faixa preta do judô, em 1969. Hoje, ela é faixa preta shodan (1º grau) e responde pela organização dos eventos da Academia Judô Clube Sol Nascente. Outros integrantes do clã Moreira que foram atraídos para o judô são o filho Nilton Simão Moreira, que dirige um núcleo da Sol Nascente no Crato; os netos José Marcelo Moreira Frazão, Frank Wilton Moreira, João Neto e Amilton Neto; além dos bisnetos Yago e Nathália.

Evolução

"O judô evoluiu bastante, e difere muito da época em que comecei, quando era um esporte essencialmente amador e pouco difundido no Ceará", afirmou o professor Milton Nunes Moreira, que em 2001 comandou a Federação Cearense de Judô (Fecju), entidade fundada no dia 19 de outubro de 1969.

"Mas diferente dos dias de hoje, onde o atleta enfrenta dificuldades para disputar competições principalmente fora do Estado, antigamente a Confederação Brasileira de Pugilismo (CBP) ajudava os judocas que disputavam os eventos da entidade. Por exemplo, os atletas podiam até gastar dinheiro do próprio bolso ou conseguir apoio para custear os gastos, mas tinham a garantia de que a CBP reembolsaria as despesas com passagem e hospedagem", ratificou o shihan, que comparece à Sol Nascente religiosamente às segundas, quartas e sextas para orientar os seus pupilos.

MUDANÇA RADICAL
Mestre foi alfaiate, antes de se tornar faixa preta - 1º Dan

Na década de 40 o jiu-jítsu começou a ser praticado no Ceará, mas o seu ensino era restrito. Quem desejasse aprender a lutar tinha de ser indicado por algum praticante para chegar até a academia. Geralmente os treinos eram realizados a portas fechadas, com raros visitantes.

E o senhor Milton Moreira foi então convidado pelo professor Nilo Veloso quando numa conversa demonstrou o seu interesse em praticar aquele esporte. Isso só aconteceu porque o mestre Nilo era cliente da alfaiataria de Milton, que funcionava na Rua Guilherme Rocha, 1325.

Providencial

E o ofício de alfaiate de Milton Moreira foi providencial para os lutadores de jiu-jítsu cearenses. E a explicação é bem simples. Uma das dificuldades dos seus praticantes era a roupa utilizada nos treinos, que era exportada, por isso seu preço era elevado. Mas o aluno Milton se ofereceu para reproduzir os "kimonos" em troca das mensalidades na academia do professor Nilo. "Nesse tempo os campeonatos, primeiro de jiu-jítsu, e depois os de judô, eram raros, pelas próprias dificuldades de organização", ressaltou o shihan Milton.

Inédito

Mesmo com todas as adversidades, em 1964 foi realizado o I Campeonato Misto de Judô e Jiu-Jitsu não-oficial em nosso Estado, com a participação de atletas de ambas as modalidades. E essa competição que teve a participação do judoca Milton Moreira foi realizada com êxito. "Infelizmente, não cheguei a ganhar títulos no judô", lamentou o fundador da Sol Nascente.

Destaques

Segundo o nonagenário mestre dos mestres do judô, que ainda teve tempo para alcançar o 8º Dan, "na minha época de atleta também se destacavam no judô os colegas Jurandir, José Maria, Herondino, professor Sá, Manoel Vitorino, Antônio Valdir de Almeida, Francisco dos Santos (Piçarra), João Inocêncio, João Bosco, José e Gilberto Morais", enumerou o lúcido professor. Aliás, o shihan, hoje, já não participa tão ativamente, claro, das aulas na academia. "Apenas supervisiono as atividades dos professores. Mas quando se faz necessário também vou ao dojô para corrigir esses professores", ressalvou o mestre Milton.

Homenagem

Para prestar uma justa homenagem ao seu fundador, a Academia Judô Clube Sol Nascente criou a Copa Milton Moreira de Judô. No ano passado, essa Copa, na sua décima quarta edição, foi realizada no ginásio do Sesc, local onde funciona uma das cinco unidades da Judô Clube Sol Nascente. Nessa competição atletas de várias academias lutaram pelo título nas categorias Festival, Infanto-Juvenil, Pré-Juvenil, Juvenil, Júnior, Sênior, Master, Dangai, Absoluto por Equipe e Rei do Tatame. A Copa Milton Moreira tem como tradição revelar novos valores no judô cearense. E quanto ao segredo da saudável longevidade, o shihan Milton até brincou: "Uma vez, numa entrevista no programa a Grande Jogada, do apresentador Sebastião Belmino, na TV Diário, falei que o segredo da minha longevidade era ´comer guaiamun com côco´. Mas falando sério, agora. Eu mamei até os três anos de idade, nunca fumei e nunca tomei Coca-Cola e bebo socialmente. Costumo dormir cedo e minha alimentação é bem regrada".

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sensei Altair José Pereira - Uma vida dedicada ao Judô.

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Altair José Pereira
4ºDAN C N J 3996/4

Informações pessoais:

Idade: 75 anos Local de nascimento: Rio de Janeiro –RJ

Iniciou na pratica do judô com 16 anos.
Na Academia Zoshikan o seu primeiro Mestre o Sensei Masaki Togashi.
Na Academia Ren-Sei-Kan seu segundo Mestre foi Sensei Takeshi Ueda.

Graduações:
· Faixa Preta 1º DAN 29 de setembro de 1986 (ano que foi registrada)
· Faixa Preta 2º DAN 12 de julho de 1990
· Faixa Preta 3º DAN 09 de janeiro de 1994
· Faixa Preta 4º DAN 05 de novembro de 1999


Informações desportivas históricas:

· Fundou o Judô Clube Enio junto com Jaoci M. Saores, em 02 de maio de 1957

· Participou com sua academia em evento no Maracanãzinho junto com Carlos Greicie e outros professores para arrecadar renda em benefício das vitimas da enchente do Rio Oros. Em 08 de abril de 1960

· Na decade de 60. O judô clube Enio com seus atletas, participou de varias competições com diversos clubes como o Bangu Atlético, Academia Almir Ribeiro, Associação Cristã de Moços, Academia Cordeiro, Ren-Sei-Kan, Academia Jorge Medi, Ginásio dos Portuários, C. R.Flamengo Academias São Francisco, Augusto Cordeiro, Haroldo Brito, Suburbana, Japonesa, etc.

· Esteve presente em inaugurações de diversas academias no Rio de Janeiro, entre elas Clube Atlético Cajaiba, onde o professor Altair e Joacir Soares fizeram a coordenação técnica.

· Participou com seus atletas de uma disputa com a escola preparatória de Oficias da Policia Militar do Rio de Janeiro em 07 de agosto de 1960

· Participou com seus atletas do Torneio de Novos que foi realizado pelo Jornal de Sports e a Cerveja Caracu, e teve a competição realizada no Clube de Regatas do Flamengo, na antiga sede na praia do Flamengo. Em 26 de agosto de 1961

· Se apresentou, com seus atletas para mostrar Técnicas de Defesa Pessoal. na Concentração de Escoteiros de Campinhos, sendo convidado pelo chefe dos escoteiros, para ministrar aulas aos escoteiros. Em 17 de agosto de 1960.

· Participou com seus atletas do Campeonato Carioca de Veteranos. Faixas Marron e Pretas realizada no Clube de Regatas do Flamengo. Em 01 de setembro de 1961

· Participou com seus atletas em um treinamento, ministrada pelo Sensei Yamamoto 4º DAN Kodokan. E 3º Judoca do mundo na época. Em 28 de abril de 1962

· Participou com seus atletas do Primeiro Torneio o Globo de Judô no Centro Cívico Leopoldinense em 31 de março de 1962. E da segunda rodada do Torneio o Globo de Judô, que foi realizado no Grajaú a terceira rodada no Social Ramos Clube até a decisão do Titulo no Jacarepaguá Tênis Clube. Em 07 de abril de 1962.

· Participou e colaborou com seus atletas, junto com a Ass. Castro-Versári do Torneio de Judô no Piedade T.C. promovida pela Academia Ren-Sei-Kan junto com o Professor Takeshi Ueda. Em 22 de junho de 1964.

· O Judô Clube Enio foi matéria de diversos jornais como: Luta Democrática, Jornal dos Sports, A noticia, Jornal O Globo.

Homenagens recebidas:

· Recebeu homenagem pela participação na V Copa Rio de Janeiro Internacional de Judô no ano de 1994

· Recebeu homenagem pelo Judô Vila Sônia de Massao Shinohara.

· Recebeu homenagem da Academia Sol nascente de Nova Friburgo pela participação honrosa na competição comemorativa pelo Jubileu de Prata em 24 de março de 1996

Informações desportivas Complementares:

· O Judô Clube Enio com a direção de Altair José Pereira, tem sua sede no mesmo local, situado na Rua Murundu, 549 em Padre Miguel desde 18 de fevereiro de 1962.

· 50 anos a frente do Judo Clube Enio, representando o Judo da Zona Oeste Participando ativamente na inclusão social de mais de 400 atletas entre crianças e adultos através da pratica do esporte ao longo dos anos.

· Responsável pela formação de 15 faixas pretas, sendo 1 como 2º DAN

· Com Atletas rankiados nos anos de 2008 e 2009

· Com Atleta representando o Estado do Rio de Janeiro no Brasileiro Infanto-juvenil no ano de 2009

· Sendo responsável pela formação básica da atleta Ianka Joany Rocha Bi Campeã Brasileira 2008/2009 e campeã Sul-americana 2009, pela Liga Nacional.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Keiko Fukuda

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Uma vida dedicada ao Judô

Fukuda é o ultimo discípulo de Jigoro Kano ainda vivo.

Aos 96 anos de idade Keiko Fukuda, é mais alta graduação de uma mulher, em arte marcial, e ainda no tatame com seus alunos.

Uma mulher idosa, se senta na cadeira apenas com a luz verde do tapete acolchoado “TATAME” do judô clube. É apenas uma cadeira dobrável de metal, mas seus alunos a tratem como uma rainha em um trono. Eles ficam lado a lado e escutam suas palavras suavemente pronunciadas, com um breve sorriso. Seus alunos fazem uma reverência. “RITSUREI”.

Ela está vestida de branco, um casaco acolchoado “JUDOGUI” com sobreposição, de gola “ERI” mais fino branco com calças “CHITABAKI” reforçadas nos joelhos.
E seu cinto “OBI” vermelho-cereja, com um nó preso suavemente sobre sua jaqueta“WAGUI”, que a coloca como soberana.
O cinto significa que Keiko Fukuda, que já comemorou seu 96º aniversário na última Primavera, é a mulher com mais alta hierarquia do mundo no judô, em uma arte marcial japonesa em que técnica e equilíbrio - e não poder - são a chave para a vitória.

Durante uma aula com sua classe em San Francisco no seu clube. Fukuda assisti a uma mulher de 22 anos de idade lutando para aprender um novo movimento, uma técnica de sacrifício lateral. “YOKO SUTEMI WAZA” técnica, na qual o atacante cai no chão, depois que segura a gola “ERI” do oponente e é projetado para o lado e com um salto cai sobre o tatame.



No judô, uma pessoa usa o peso de um adversário forte, e impulso contra o oponente. Quando palavras e gestos não conseguiram obter um resultado esperado na técnica.
Fukuda caminhou lentamente sobre o tatame. Deixou sua bengala repousando sobre o tatame. E em minunciosas, etapas escalonadas, Fukuda se moveu para a posição em frente ao aluno. Ela chegou até agarrar o jovem mulher pela gola “ERI” agarrou com as mãos enrugadas e rígidas pela artrite e enfraquecidas por antigas lesões em treinos. Todos ficaram em silêncio. Todo mundo parou e virou-se para assistir. Fukuda caiu, e jogou o seu adversário jovem, três vezes seguidas. Ela então retornou à sua cadeira para o resto das duas horas de aula.

"Há momentos em que ela faz isso, levante-se e mostrar-nos algo, mas não muito freqüentemente," disse o estudante Boutdy Molly, que estava a aprendendo a técnica para um próximo exame de graduação. "Ela não pode levantar-se por muito tempo" Fukuda, que fala Inglês com um forte sotaque, as vezes sendo difícil de entender. Mas isso não impede a comunicação com seus alunos. "Ela recebe a visita de Vaughn Imada com 57 anos de idade. Imada, com um sorriso diz que vem do Judô Clube Budista São José, e viaja para São Francisco, uma vez por mês para ter aulas com Fukuda em uma turma avançada. Imada, que vem estudando judô há 30 anos, disse Fukuda, por vezes utiliza sons, em vez de palavras, para transmitir um conceito. "Escutamos, os sons - e nós rimos," Imada disse. "Então, nós pensamos sobre isso. E tentamos novamente a técnica e dizemos: Ah, isso é o que significou." Ele disse Fukuda é uma professora muito técnica e paciente. "Ela faz judô diversão", disse Imada. "Todo mundo gosta de aprender com ela."

Vicki Trent, agora, a mais alta classificação do estudante em Fukuda clube, passou 16 anos dirigindo ida e volta de sua casa em Santa Cruz para o clube em San Francisco. Finalmente, há 11 anos, mudou-se para a cidade para estar próximo à escola e à mulher que se tinha tornado a sua mentora. Trent, com 48 anos de idade é advogado que recentemente se tornou um agente imobiliário, disse que a palavra "iluminada" vem à mente quando pensa em Fukuda, que ensina a filosofia do judô, bem como as suas técnicas corporais.
"Ela é uma pessoa como a gente. Tenho certeza , pois vi isso ao longo dos anos. Ao mesmo tempo, a sua tomada de consciência da verdade e do profundo significado da vida é evidente em seu senso de humor e seu amor de vida, na sua joie de vivre ", disse Trent. "Isso tem me mantido bastante dedicado à ela como professora."



Fukuda, que de pé com seus tímidos 1,50, ensina judô durante quase 70 anos.
Fukuda, que entregou a sua cidadania japonesa para se tornar um cidadã Americana, tem viajado por todo o país espalhando o evangelho de judô. Ela também tem dado seminários na Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Noruega e as Filipinas. Quando tinha 76, ela voou para a França para ensinar aos mais graduados instrutores de judô do país. A Federação de Judô dos Estados Unidos que representa mais de 350 clubes, deu a Fukuda o cinto vermelho “OBI” em 2001, em reconhecimento da sua vida de contribuições - nacionais e internacionais - a arte marcial. Os E.U. A Federação de Judô dos Estados Unidos atribuíram apenas três cintos vermelhos “OBI”. Os dois outros destinatários eram homens, que já morreram. O cinto indica Fukuda chegou ao nono DAN “KYODAN” em nível no judô. Na história dos 120 anos de arte marcial, apenas cerca de uma dúzia de pessoas em todo o mundo alcançaram um grau mais elevado - o 10 º nível.

Em Janeiro de 2006, no seu relatório anual Kagami Biraki em uma cerimônia, o Instituto Kodokan de Judô também atribuído a ela o grau 9 º Dan. Ela é a única mulher até hoje a ter este elevado grau em qualquer uma organização reconhecida de judô.

Ela continua ensinando hoje apesar das doenças e da velhice - Doença de Parkinson, o que faz a sua mão direita tremer como uma folha em uma brisa, e triplas cirurgia há mais de uma década, e com a idade sentida em seus tornozelos e joelhos.

"Seu espírito e mente, estão presentes, através dela", disse Shelley Fernandez, 72 anos , um ex-estudante que convidou Fukuda a viver em sua casa quando Fukuda fez um trabalho ensinando judô em Mills College, em Oakland.
Pensei que ela poderia ficar um ano ou dois. Isso foi a 37 anos atrás. "Minha mãe morreu em 1965, Keiko veio morar comigo em 1966", recordou Fernandez. "Ela era como se minha mãe voltasse para mim. Keiko tem a mesma personalidade que minha mãe - um amor a vida e um carinho com as pessoas. Ela foi dom de Deus para mim."

Fukuda é reverenciada como um dos últimos discípulos vivo de Jigoro Kano, o fundador do judô. Kano, que abriu sua judô escola - conhecida como o Kodokan - em Tóquio, em 1882, acrescentou uma "turma de mulheres " cerca de 40 anos mais tarde. Quando Fukuda começou a tomar aulas de 1935, ela era uma de apenas duas dúzias de mulheres na escola, que é conhecido hoje como Instituto Kodokan de Judô. Kano tinha a convidado para estudar judô por causa da sua linhagem de arte marcial. Ela era a neta de um renomado mestre de jujutsu, que tinha ensinado a arte marcial japonesa a Kano. "Naquela época, eu tinha apenas 21 anos, sendo ensinadas as formas de Arranjo de Flores, cerimônia formal de chá, e escrita com pincel.Que era habitual para as jovens senhoras na sociedade japonesa", Fukuda escreveu em 1973 o seu livro, "Nascida para o Mat : Livro do Kodokan Kata para as Mulheres ". Através de memórias do meu avô me senti muito próxima ao judô, embora eu nunca tinha visto ou praticado antes." A mãe de Fukuda - o pai morreu quando era muito jovem. Fukuda acompanhada dela até a escola de judô naquele dia." Decidi ter lições de judô alguns meses mais tarde ", escreveu Fukuda." Minha mãe e irmão tanto me apoiaram, apesar de meu tios, se opuseram à idéia, porque eu era uma mulher. Minha mãe e meu irmão me apoiaram para aprender, e se casar com um judoca algum dia, mas não para mim se tornar uma judoca. “Ela nunca se iria casar.”

"Judô é a minha vida meu parceiro", disse Fukuda, falando através de um tradutor durante uma recente entrevista em sua casa.. "Qualquer lugar que eu vá, judô é a minha família. Os alunos são para min meu maior agrado. Tenho família em todo o mundo.''Fukuda em sua primeira visita aos Estados Unidos a convite de um clube judô em Oakland em 1953. Ela ficou por quase 2 anos. Ela retornou para a Califórnia em 1966 e viajou por todo o estado dando seminários. Nesse mesmo ano, ela deu uma demonstração no judô Mills College, a escola imediatamente e ofereceu-lhe um emprego. E Ensinou judô lá mais de uma década.

Durante esses mesmos anos, Fukuda também ensinou em casa e dividiu com Fernandez na Rua Hoffman. Quando o número de alunos cresceu, ela mudou suas aulas para um templo budista em Japantown. Seu clube, o Judo Clube Soko Joshi ( The Women's Judo Club) “Judo clube para mulheres”, se mudou para sua atual sede , em Castro, Rua 26. em 1973.

Fukuda ainda ensina há três dias por semana, oferecendo aulas para estudantes do sexo feminino com idades compreendidas entre os 13 e os mais velhos. Seus alunos são de diversas localidades incluindo San Rafael, Berkeley, San Jose, San Francisco e Santa Cruz. A parede acima da mesa de madeira, no clube está repleto com mais de uma dúzia de placas de grato estudantes. A maioria começa com as palavras "Na apreciação." Muitos mais prêmios estão escondidos em sua casa a poucos quarteirões de distância. Ela deu a "Ordem do Tesouro Sagrado, Raios de Ouro Rosette", uma prata e outra de ouro medalha cravejada com pontos de rubi-cerâmica vermelha, para a família do seu irmão no Japão. O prêmio é um dos mais prestigiosos do país, homenageia a pessoas com idades compreendidas entre os 70 e mais velhos. O Cônsul Geral do Japão Fukuda deu a medalha, juntamente com um certificado assinado entre o Primeiro-Ministro do Japão, em um jantar de gala em São Francisco em 1990.

Fukuda mostrou outro prêmio - uma taça de prata gravadas pela Tiffany. Ela foi uma das quatro mulheres com mais de 70 anos que receberam em 2003.O Prêmio Mulheres de Sucesso, Visão e prémios de excelência GirlSource, um grupo sem fins lucrativos para jovens de baixa renda em São Francisco. "Há muitos prêmios, muitos prêmios", insiste Fukuda calmamente. Fukuda do judô lema é: "Sê forte, ser gentil, ser bonita" Para aqueles não familiarizados com o judô, pode ser difícil de conciliar as palavras "suave" e "linda" com um esporte em que os praticantes arremessam os adversários através do ar para bater no chão.



Fukuda diz que o objetivo do judô é o de ser "suave do lado de fora" e "fortes no interior." Em seu livro “Nascida para o Mat", ela descreveu a formação em Tóquio sob um renomado mestre de judô, Kyuzo Mifune. "Lembro-me claramente até hoje que o seu controle sobre o meu uniforme Judô “JUDOGUI” foi tão gentil que eu Nem percebia,''ela escreveu." Ainda assim, se eu fizesse o menor movimento em uma tentativa de projeta-lo, ele já não estava mais naquela posição, em vez disso, era o meu corpo era projetado pelo ar. Professor Mifune era pequeno, mesmo para um homem japonês (cerca de 1,45m), mas os seus movimentos corporais eram extremamente rápidos e era muito difícil manter-se de pé com ele, porque ele poderia prever o movimento do adversário e poderia evitar-lhe antes do tempo ".

Fukuda é conhecida por sua especialização no judô em "katas,''uma coreografia, simulações de luta entre duas pessoas que demonstram, em diversas combinações, a arte marcial com movimentos ofensivos e defensivos." Através do estudo de Kata, para ter experiência para o verdadeiro espírito do combate real, e compreender os princípios da técnica ", ela escreveu em seu livro “Nascida para o Mat", que inclui instruções passo a passo, em palavras e fotografias, dos sete Katas de judô.

O segundo livro lançado por Fukuda, pela North Atlantic Books em Berkeley. O livro, intitulado "Ju NoKata,''enfoca com câmara lenta, o elegante kata que é necessário domínio para conseguir os elevados graus do judô." Ela é um tesouro que vivem de outra época,''disse Jess O'Brien, o editor de artes marciais. "Sua influência no judô é generalizada. Ela tem formação tão longa e que ela ainda é capaz de encontrar novas introspecções Ju No Kata - óbvias e mais sutis.”

Na fotografia da capa do livro Fukuda mostra particularmente como é difícil realizar um movimento, no qual ela está equilibrada sobre o parceiro. Fukuda pende o corpo em um ângulo de 45 graus para o chão, a cabeça voltada para o tatame, pés apontando para o teto - um movimento que tinha de realizar durante vários segundos. Em uma fotografia preto-e-branco pendurada em sua casa ela com 51 anos , desafiando a gravidade na mesma posição, durante uma demonstração em kata das Olimpíadas de 1964 em Tóquio.


Foto de Keiko Fukuda, já como 5º DAN, demonstrando Ippon Seoinage com Helen Carollo em 1954 em Fresno, Califórnia. Ela veio para os Estados Unidos. após ensinar na Kodokan por 14 anos, para ajudar a promover Judô para as mulheres americanas.

Foi o primeiro ano em que os homens ganharam medalhas olímpicas no judô, jogos em que os concorrentes ganharam por quedas e imobilizações. Porém as mulheres só participaram em 1992 nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Mas não há Kata no evento internacional - uma situação que Fukuda gostariam de mudar.

Quinze anos atrás, ela estabeleceu o seu próprio torneio, Judô Campeonato de Kata Fukuda. O torneio é realizado em outubro no Saõ Jose budista Judô Clube. Com cerca 100 a 200 participantes, incluindo os concorrentes de outros países. Fukuda também trabalhou durante muitos anos para divulgar as competições Kata em todo o mundo, disse Robert Fukuda (nenhuma relação), diretor executivo da Federação Americana de Judô.

"O que ela está tentando fazer é que o Kata seja incluído como parte em todos campeonatos do mundo", disse ele. "Em seguida, abre se a oportunidade para se tornar parte das Olimpíadas. Parte do seu trabalho ao longo dos anos tem sido difundir as competições Kata em todo o mundo. Com as entidades (existem cinco entidades da Federação Internacional de Judô FIJ), para fazê-lo. A União Pan-Americana de Judô é a única que tem um campeonato de Kata."

Embora Fukuda se veja como uma Hercúlea um feminino para o herói grego Hercules”com suas metas definidas, ela não tem nenhum problema se concentrando, e com os olhos sobre o grupo de estudantes que ainda procuram o seu conselho. Quando ela atende em seminários de judô. Fukuda geralmente atende os estudantes, da protecção conforto em uma cadeira de rodas. Mas ela não hesita em sair da cadeira e subir no tatame quando ela vê que precisam de ajuda.

"É quase como se alguém recarrega-se a bateria dela", disse Robert Fukuda. "Ela sai da cadeira de rodas, mostra a técnica,. Você pode ver que ela é muito necessária. Mas isso é apenas o modo como ela é. Ela quer ajudar. Ela quer as pessoas fazerem corretamente. Fazer da maneira correta."





domingo, 19 de julho de 2009

Francisco Arroio - Dividir uma emoção vivida.

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Francisco Arroio - 1ºDan

Meus amigos,
hoje senti uma emoção muito grande ao entrar no dojo da Universidade Gama Filho para participar de um treino de judô. Fiz questão de colocar meu judogui novamente, depois de alguns anos guardado, com o símbolo que tanto defendi em meu peito, do lado do coração.
Tentei escrever algumas coisas para representar esse momento e acho que consegui extrair ao máximo minhas emoções.

Eu sabia que um dia a maioria de nós iria-nos separar.

Sentiríamos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos dos tantos risos e momentos que partilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas das competições, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei e acreditei que as amizades continuariam para sempre.

Hoje não tenho mais tanta certeza disso.

Aos poucos cada um foi para o seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, seguiram a sua vida.

Talvez até continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos emails que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...

Aí, os dias vão passar, meses, anos e até este contato se tornar cada vez mais raro.

Vamo-nos perder no tempo...

Às vezes os nossos filhos vendo as nossas fotografias em preto e branco perguntam: "Quem são aquelas pessoas?"

Aí diremos que eram nossos amigos e isso vai doer tanto!

"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!”

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado.

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Uma vez eu vendo esse texto escrito em algum lugar, guardei para sempre em minha memória:

“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

sábado, 18 de julho de 2009

Falecimento do Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente

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É com pesar que comunico o falecimento do Professor 7º Dan Durval Alfredo Rente,discípulo de Sensei Messias Rodarte Correa e campeão de pesos pesados da década de 60, na tarde 15 de julho de 2009 (4ª feira).

O funeral foi realizado no cemitério da Penha,em 16/07 às 11:00.

Uma contribuição do Professor Durval:

ÉTICA ESPORTIVA (FILOSOFIA DO JUDÔ)

A etiqueta no judô o diferencia dos outros esportes e é um requisito prévio a seguir, que é tão importante quanto o combate em si.A saudação é uma expressão de gratidão e respeito quando é feita seriamente com cortesia, antes e depois de entrar na área do tatami, aos instrutores e cada um que pratica o judô, e na competição. Com efeito, se expressa a gratidão ao fundador do judô, mestre Jigoro Kano, as suas instruções, aos seus oponentes, pela oportunidade de aprender e melhorar ambos, técnica e espiritualmente.

A saudação indica também o respeito pelas regras e a filosofia do judô, respeito ao adversário e respeito à si mesmo. Durante a saudação, o individuo se prepara mentalmente para atingir a perfeição na execução das técnicas e a prática do judô.

Na maioria dos clubes e associações de judô, há um quadro do mestre Jigoro Kano no Dojo para competição e prática, Quando se entra ou se sai do tatami, faz-se uma reverencia para reconhecer e agradecer ao fundador do judô. Antigamente o Dojo era considerado um lugar sagrado para quem ia receber a instrução, desde o sensei, e para aperfeiçoar o que se havia aprendido.

No inicio da aula, fraz-se uma saudação ao sensei ou instrutor para pedir os ensinamentos e ajuda a todos para progredir. Ao final da aula, saúda-se o sensei ou instrutor pelos ensinamentos recebidos. O shiai ou competição, é uma oportunidade para o judoca demonstrar suas habilidades e etiqueta do judô em público. As reverencoias tradicionais permitem ao judô destacar-se entre os esportes. Para abrir a competição, os árbitros e competidores se juntam sobre a área de competição, e saúdam o “joseki” ou mesa de honra, para reverenciar os mestres de grau superior, e convidados que ocupam posições elevadas. Em seguida, os árbitros giram para a sua esquerda ficando de frente aos competidores. Os competidores saúdam cortesmente para demonstrar que respeitam os árbitros e as regras de competição.

É responsabilidade igual para todos os judocas, treinadores, competidores e árbitros conhecerem todos os aspectos das tradições de reverencia ao judô. Aos árbitros é confiada a responsabilidade fundamental de assegurar que a etiqueta permaneça para que a tradição continue. Existe todo um cerimonial de como vestir o kimono e amarrar a faixa, subir no tatami, uma hierarquia de como cumprimentar, respeitar e se dirigir aos superiores e a obrigação de ajudar e amparar os inferiores. No Japão, a imagem do sensei de judô era muito mais respeitada pela sua integridade do que pela sua força. Como podem ver, o judô é uma arte de cavalheiros e não de guerreiros.

A competição serve apenas como um meio, e não como uma finalidade em si. A competição deve ser estimulada, mas não cobrada. Muitas pessoas desistem do judô por não conseguir um resultado satisfatório, ou após passar a sua fase de competição. Ser campeão é para poucos, é ilusório e passageiro, e as vezes prejudicial, por a pessoa se julgar melhor que as outras. Muitas vezes se aprende mais com a derrota do que com a vitória. A competição deve ser encarada apenas como uma etapa no cultivo do caminho, que uma vez passada, abrirá caminho para as etapas seguintes. A aprendizagem se estende até o final da vida, atuando como professor, arbitro e ajudando em eventos e praticando os diferentes “katas”, que são formas técnicas que permitem o praticante continuar a treinar o judô mesmo após passar a sua fase de lutador.

Portanto cultive a humildade, pois você não é e nunca será nada, fuja da arrogância, da vaidade e do egoísmo, pois elas denigrem a pessoas por mais forte que ela seja ou por mais conhecimento técnico que possua.Procure no seu professor, um pai, no seu Dojo sua casa, e nos seus colegas uma família. Ajuda a termos um judô forte dentro dos seus valores originais. Antigamente ao convidarmos alguém para treinar, usávamos sempre a expressão “ONEGAI SHIMASSU” (Por favor, é uma honra), e ao terminarmos o treino “ARIGATÔ GOZAIMASHITA” (Muito obrigado).

Se realizássemos uma projeção imperfeita, que dificultasse o adversário de realizar a queda, pedíamos sempre desculpas “GOMEM” (Desculpa, perdão). Vamos pensar seriamente em tudo o que aqui foi escrito, a assim conseguiremos resgatar o JUDO como era antigamente.

O importante não é ser melhor do que os outros, mas sim melhor do que já somos.

Prof. Durval Alfredo Rente

( 7º Dan

Sensei Messias Rodarte Correa, Sua vida é parte da história do Judô.

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Messias Rodarte Correa, sem dúvida alguma é um pioneiro do judô nacional. Além de lutar pela arte, ele faz a coisa de coração. É um exemplo de dedicação à arte.

Assim, se há pessoas que se dedicaram ou se dedicam ao Judô, com todas as suas conseqüências boas ou más, sem restrições, certamente uma delas é Sensei Messias. Mineiro de Passos, um dos dez filhos da família Rodarte Correa, nasceu em 29 de Outubro de 1925
carrega hoje com muita vitalidade de disposição seus setenta e oito anos.


É um exemplo de luta pela vida, pela dignidade e pelos ideais, que perseguiu e alcançou.Essa força foi herdada de seus pais João Augusto Correa e Maria José Rodarte Correa.
Já na sua infância Messias mostrava a sua boa índole, na labuta ao lado dos pais. Quando tinha dez anos, levantava-se bem cedo e ia encontrar seu pai na oficina de marceneiro. Sua mãe, também de boa estirpe mineira, dava aulas com mais de setenta anos de idade. Em1938 Messias veio para São Paulo em busca de novos horizontes, já que a sua pequena Passos se tornara menor ainda para as suas aspirações.

Na capital paulista conheceu Zilda Ribeiro, com a qual casou-se em 1952. Dessa união nasceram três filhos. Seu filho Milton, hoje é 5o Dan e seguiu as virtudes do pai. Messias, laboratorista de profissão, atuou em alguns dos mais importantes laboratórios por mais de vinte e cinco anos, mas foi no Judô que encontrou os rumos que nortearam sua vida, que o revitalizaram até hoje para dar de volta a este esporte, tudo o que recebeu. É um exemplo para os milhares de alunos que teve e para toda esta geração de judocas.


Hoje o seu alto nono grau, que descerra todo o seu passado de realizações e conhecimentos, o coloca entre os mestres mais entendidos e conceituados dos esportes de luta. Porém a luta livre e o Jiu-jitsu antecedem ao Judô na sua vida de esportista. Da primeira, foi campeão Brasileiro em 1949, e o seu Jiu-jitsu vem do mestre Takeo Yano que foi aluno do mestre Nobushiro Satake, companheiro de lutas e viagens do Conde Koma (Mitsuyo Maeda) com o qual iniciou aos quinze anos o seu aprendizado, chegando à faixa Preta. Devemos levar em conta, que, com o nome de Judô era praticado o Jiu-jitsu, e que só bem mais tarde essas duas lutas se separaram na filosofia e nos fundamentos, seguindo cada uma o seu próprio rumo.

Outro grande incentivador do Sensei Messias no Judô foi o Sensei Fukaia. Quando se tornou faixa preta, recebeu o certificado do Kodokan de Tókio como era praxe na época. Dessa época, ou seja, agosto de 1951, Messias guarda com carinho os nomes dos professores Akao, Tani, Shigeuichi Yoshima que era um às do newaza e que, juntamente com José de Almeida Borges foram os introdutores do Judô na região de Campinas, no ano de 1949, e também do Dr. Okoshi. Por falar em Fukaia, Messias não consegue esconder as lágrimas rebeldes que brotam do seu coração ao lembrar da despedida deste grande professor e amigo, no aeroporto de Viracopos, quando este partia para findar seus dias em sua pátria.

Dos muitos amigos que o acompanharam na sua trajetória recorda-se ainda do professor João Gonçalves, Dr. Arsênio Martins, Edgard Ozon, Luiz Tambucci e Herasmo Helio Machado Lopes, que teve atuação destacada na fundação da C.B.J. e F.P.J.

Sensei Messias, o primeiro árbitro de origem não japonesa, função que exerceu por muito em sua vida, pela sua competência, a qual mostrou também como técnico de várias das nossas seleções e também como professor. Todos esses méritos culminaram com o mais alto grau conseguido por brasileiros no Judô, isto é, o 9o Dan, faixa vermelha, em outubro de 1995.

Nesse dia Messias foi surpreendido pela presença de mais de cem ex-alunos, alunos e amigos que lhe demonstraram toda a admiração, respeito, amizade e carinho. Sensei Messias diz que quer levar para a sua última morada o kimono como travesseiro a ter ao seu lado a faixa que envergou com tanto orgulho. Alguns de seus maiores orgulhos: a honestidade e retidão, ser da Kodokan e ter sido amigo pessoal do Sensei Fukaia. Por tudo que ainda faz pelo Judô, Sensei Messias é um dos maiores exemplos do que é ser um judoca na exceção da palavra.

Prof. Rocha - Jornalista

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Com a sua ajuda vamos resgatar a memória do nosso esporte.

Prof. Rocha - Jornalista

Tenho observado que não é raro ouvir nomes no Judo que trabalharam ou de alguma forma trouxeram algum beneficio para o esporte, também observei que muitas são as vezes que novos atletas ficam diante de celebridades mas que com o passar do tempo estes são esquecidos pela maioria dos seus feitos.
Quantas foram as estorias que me contaram a respeito de atletas e professores que muitas das vezes nem estão mais no nosso convívio, sem contar os feitos dos nossos amigos que com certeza o tempo se incumbirá de apagar, ou só ficar nas nossas lembranças.
E por isso que eu e a comunidade Judoística solicitamos que você nos traga essas lembranças e deixe registrada neste espaço e com isso perpetuaremos essas memórias.